GESTAO DE CRISE

RECUPERAÇÃO JUDICIAL X MEDIDAS EXTRAJUDICIAIS

RECUPERAÇÃO JUDICIAL X MEDIDAS EXTRAJUDICIAIS

Você, empresário, já se pegou enfrentando uma crise dentro da sua empresa? Estamos vivendo em um momento conturbado, e é inegável o reflexo e o impacto desta crise geral nos negócios. Muitas vezes nos vemos diante de situações difíceis e cenários desfavoráveis, e a crise acaba se instalando no seu negócio. Uma alternativa para tentar salvar a sua empresa é por vezes através da recuperação judicial. Mas você sabia que é possível combater e superar a crise através de medidas extrajudiciais, a partir de uma boa gestão da crise? Isto mesmo! E é isso que queremos mostrar para você neste artigo: como gerenciar e vencer a crise apenas com ferramentas e controles de gestão eficientes.

A crise pode assumir diversas formas e por isso pode atingir qualquer empresa, de qualquer porte, de qualquer segmento e em qualquer localização geográfica, e, portanto, em primeiro lugar é preciso entender exatamente o que motivou a crise na sua empresa e quais as principais consequências e impactos no negócio, de forma a garantir maior clareza da situação, permitindo direcionar o foco para aquilo que de fato precisa ser corrigido. Então, a primeira etapa é de DIAGNÓSTICO da crise na sua empresa.

A segunda etapa fundamental é verificar a VIABILIDADE OPERACIONAL do seu negócio, isto é, avaliar se a operação fim da sua empresa é viável e sustentável, ou seja, se retirarmos todas as dívidas e considerarmos apenas o resultado operacional, se a empresa ainda é lucrativa. Se a resposta for SIM, isto quer dizer que a empresa tem plenas condições de vencer a crise e voltar a prosperar. Caso a atividade operacional não se mostre lucrativa nesta etapa, dificilmente a execução de um plano de gestão de crise irá torná-la lucrativa. Neste cenário, é preciso avaliar os motivos que tornam a operação inviável, que por vezes podem ser os custos elevados aliados a preços de mercado que não cobrem estes custos, por exemplo. Diante de tal situação, antes de prosseguir com o plano de gestão da crise, é preciso discutir que medidas podem ser tomadas para tornar a operação viável e se as mesmas são praticáveis.

A crise também acaba afetando todos os colaboradores da empresa de uma forma geral, que muitas vezes passam a focar o seu trabalho em resolver os pequenos problemas, tirando o foco e a dedicação ao negócio fim da empresa, comprometendo-

a ainda mais. Portanto, como terceira medida, uma vez verificada a viabilidade operacional do negócio, é importante a criação de um COMITÊ DE GESTÃO DA CRISE, onde serão alocadas pessoas que irão se focar em vencer a crise e executar o plano de ação, enquanto todos os demais colaboradores irão focar exclusivamente no negócio em si. Este comitê deve ser composto pelos gerentes das áreas, pelos diretores e por vezes por uma equipe externa de consultoria, que irá auxiliar e orientar neste processo. Este comitê deve ter autonomia para tomar decisões que julgarem pertinentes para recuperação do negócio, independente do organograma e fluxo de decisão padrão da empresa.

O próximo passo é olhar com bastante atenção às finanças da sua empresa, entendendo como estão as suas receitas, custos, despesas e as principais dívidas que a sua empresa possui. Fazendo esta análise preliminar, será possível verificar a situação de sua empresa e projetar suas demonstrações econômicas e financeiras. É essencial que se elabore um DRE simulado, considerando e diagnosticando a situação atual das finanças, e então projetar e comparar com um DRE “ideal” do seu negócio, desconsiderando ou isolando os fatores causadores da crise. Este DRE ideal deve evidenciar a viabilidade do negócio, se desconsiderado o cenário de crise. Além do DRE, deve-se fazer o mesmo procedimento para o Fluxo de Caixa, um fluxo do cenário atual e outro do cenário “ideal”. Uma vez verificado que a empresa possui viabilidade econômica, é preciso garantir a sua viabilidade financeira, isto é, não basta apenas gerar lucro se os recursos financeiros não estão disponíveis no seu caixa para pagamento das obrigações. Nesta etapa será verificado os recursos que estarão disponíveis para renegociação e para reestabelecer a saúde da empresa. Caso verifique-se que não existe viabilidade financeira, deve-se identificar e tratar os fatores que inviabilizam a operação.

Superada estas etapas, deve ser elaborado um plano de ação com metas e atitudes a serem postas em prática para superar de fato a crise, pois mais do que diagnosticar e planejar, é preciso agir. Depois de identificar as suas dívidas, isto é, seus passivos, é preciso renegociá-los junto a cada um dos credores, com o objetivo de garantir maior fôlego de caixa para a sua operação, reduzindo as saídas de caixa e postergando pagamentos. Então, é preciso levantar seus passivos junto a fornecedores, bancos e demais credores e negociar as condições e prazos com cada um deles, sempre

demonstrando transparência e a viabilidade da sua operação, de modo a provar a sua capacidade e intenção de honrar com seus passivos diante das renegociações. O importante é conseguir o alongamento dos prazos de pagamento, de forma a garantir maior sobra de caixa para reinvestir no negócio. Também aproveite este momento para manter saudável e fortalecer o seu relacionamento com estes parceiros.

Com estas dicas e com auxílio de consultoria especializada e com um excelente comitê de gestão de crise tenha certeza que você empresário terá plenas capacidades de vencer a crise sem precisar enfrentar a burocracia de uma recuperação judicial, conseguindo recuperar a saúde do seu negócio a partir de uma boa gestão.

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